Rizotomia Dorsal Seletiva

rizotomia dorsal seletiva
  • Como saber quais pacientes são candidatos à rizotomia dorsal seletiva?

A rizotomia dorsal seletiva é um procedimento neurocirúrgico empregado no tratamento da espasticidade e em alguns casos de dor neuropática secundária à avulsão de plexo braquial.

Em outro artigo do blog falo mais detidamente sobre espasticidade, que, em poucas linhas, é um quadro de aumento anormal e involuntário do estado de contração basal (tônus) dos músculos, causando rigidez nas partes do corpo afetadas e a sua principal causa é a paralisia cerebral. 

Uma cirurgia bastante empregada nesse contexto chama-se rizotomia dorsal seletiva. Ela recebe esse nome porque consiste em separar e seccionar raízes nervosas (daí o nome rizotomia: rizo (raiz) + tomia (exprime a noção de corte, incisão)) específicas (por isso seletiva) e que estão localizadas na porção posterior da medula espinhal (dorsal) após serem identificadas aquelas que inervam especificamente a região afetada pela dor ou pela espasticidade.  

Apenas uma avaliação completa de um neurocirurgião pode definir se uma criança com paralisia cerebral pode ou não ter benefícios com esse tratamento cirúrgico.

Porém, em linhas gerais a cirurgia é considerada em casos de espasticidade predominante nos membros inferiores e a diminuição do tônus pós-rizotomia facilitaria a marcha, bem como naqueles pacientes cuja espasticidade é severa e em todos os membros e a cirurgia resultaria em aumento da qualidade de vida no que se refere a aumentar a independência, permitindo que fique sentado por mais tempo por exemplo.

Vale ressaltar que, para que um paciente seja submetido à cirurgia,  deve ser garantido que possua um acompanhamento pós-cirúrgico próximo, frequente e por longo prazo com uma equipe multiprofissional especializada em espasticidade (composta por, no mínimo médico, enfermeiro, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional), pois ela isolada não garante bons resultados.

rizotomia dorsal seletiva
  • O procedimento cirúrgico

A cirurgia, resumidamente, consiste em realizar uma incisão de menos de 10 centímetros na parte inferior das costas. O cirurgião passa pela pele e os tecidos abaixo dela até chegar às membranas que envolvem a medula espinhal (meninges) e ter acesso às raízes nervosas que se conectam a ela. 

A partir de então, usando um microscópio cirúrgico, o neurocirurgião localiza, divide, testa as raízes e busca as fibras nervosas relacionadas com os grupamentos musculares específicos em que ele deseja tratar a espasticidade.

Tudo isso é realizado com monitoramento eletrofisiológico e a partir de  estímulos elétricos, observação e movimentação dos membros. A seguir, algumas raízes nervosas sensitivas com resposta anormal aos testes realizados são seccionadas, preservando todos neurônios relacionados com a motricidade do paciente.

O procedimento completo dura cerca de 4 a 5 horas.

  • Resultados esperados da Rizotomia Dorsal Seletiva

O estado de contração basal dos músculos (chama-se isso de tônus muscular) é controlado pela conexão de nervos feita a nível da medula espinhal. Em crianças com paralisia cerebral, essa conexão (também chamada de arco reflexo) perde o seu principal regulador e assume um estado de hiperatividade, causando a contração muscular contínua que caracteriza a espasticidade. A rizotomia dorsal seletiva promove a interrupção desse arco reflexo, já que secciona fibras nervosas específicas que vêm dos músculos que estão rígidos e, assim, trata a espasticidade. 

Com o alívio da contração excessiva e involuntária dos músculos, o paciente pode começar a trabalhar com maior liberdade os outros grupamentos musculares e aumentar sua mobilidade e função. Além disso, diminuindo a hipertonia, reduz-se o risco de cicatrizes cutâneas, contratura muscular, deformidade óssea e articular.

A Rizotomia Dorsal Seletiva é comumente indicada para pacientes com paralisia cerebral. Nela, o neurocirurgião secciona seletivamente  algumas raízes nervosas próximas à medula espinhal e, com isso, resolve o desequilíbrio entre estímulos excitatórios e inibitórios para os músculos, diminuindo seu estado de contração anormal e de rigidez espástica.

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