Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e sua reabilitação

traumatismo cranioencefalico

Em que consiste o Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e qual a sua importância na saúde pública?

Nossa cabeça engloba uma série de estruturas de suma importância para a manutenção da vida, mas nesse artigo vamos falar sobre os traumas, ou seja, as lesões que acometem especificamente o crânio e tudo o que nele contém, como as meninges, o encéfalo e os seus vasos.

O TCE possui elevada relevância para a saúde pública, uma vez que é responsável por pelo menos 50% dos casos de morte associada ao trauma, sendo uma ocorrência muito frequente no atendimento a pacientes politraumatizados.

Por mais que ocorra em segundos durante um acidente, suas consequências perduram por muitos anos, o que faz com que os prejuízos para a qualidade de vida dos envolvidos e dos familiares sejam incontáveis, sem falar nos enormes gastos públicos que são necessários para manter toda a estrutura de assistência e de reabilitação das vítimas.

Quais as causas do Traumatismo Cranioencefálico e como ele é classificado?

O TCE pode ser causado por vários mecanismos de trauma, desde quedas, colisões, espancamentos, até a ação inercial que sacode o encéfalo dentro do crânio pode causar lesões cerebrais traumáticas e cursar com prejuízos estruturais e funcionais.

Os médicos classificam o TCE como leve, moderado ou grave a depender se a lesão causou inconsciência, a duração dela e com a gravidade dos sintomas. Além disso, as lesões podem ser primárias, ou seja, aquelas que aconteceram no momento do trauma ou secundárias as que iniciam após o momento da agressão.

Tipos de Lesões:

Diante dos diferentes mecanismos de trauma diversos tipos de lesões podem ocorrer:

  • Hematomas epidurais (extradurais): coleções de sangue entre a dura-máter e o crânio. Na tomografia mostram-se com formato biconvexo. Ocorrem por impacto direto, frequentemente associados a fraturas do crânio ou a sangramentos arteriais. Pode haver intervalo lúcido, que precede a piora neurológica.
  • Hematomas subdurais: mais comuns que os epidurais, ocorrem pelo rompimento de pequenos vasos sanguíneos (veias) entre a dura-máter e a aracnóide. Na tomografia, mostram-se com o formato de lua crescente. Ocorrem por aceleração e/ou desaceleração. 
  • Contusões : consistem em lesões intracerebrais que apresentam hemorragia, edema, isquemia e necrose. Surgem por golpe ou contragolpe. Apresentam aspecto de “sal e pimenta”.
  • Lesões Axonais Difusas: lesões dos prolongamentos axonais dos neurônios, comumente associadas a hemorragias subaracnóides, hemoventrículos ou a pequenas contusões na substância branca (gliding contusions). São decorrentes de acelerações e/ou desacelerações angulares de longa duração. 
  • Isquemia: diminuição do suprimento sanguíneo para determinadas áreas do encéfalo, em razão de algum dano à estrutura vascular encefálica.
  • Fraturas do crânio: descontinuidades do tecido ósseo craniano, que podem ser fechadas ou expostas .  Ocorrem na convexidade ou na base de crânio. 
  • Edema Cerebral: consiste no inchaço do tecido cerebral devido a alterações vasomotoras, celulares e intersticiais, levando ao aumento da pressão intracraniana.
  • Concussão cerebral: é um distúrbio da função cerebral após um o traumatismo craniano, com sintomas e sinais neuropsicológicos. A tomografia de crânio é normal nestes casos.

Sintomas:

Os sintomas variam muito, dependendo da gravidade da lesão na cabeça. Eles podem incluir qualquer um dos seguintes:

  • Vômito
  • Letargia
  • Dor de cabeça
  • Confusão
  • Paralisia
  • Coma
  • Perda de consciência
  • Pupilas dilatadas
  • Alterações na visão
  • Tontura
  • Dificuldades de fala (fala arrastada, incapacidade de entender e/ou articular palavras)
  • Dificuldade em engolir
  • Dormência ou formigamento do corpo
  • Pálpebra caída ou fraqueza facial

Como o TCE é diagnosticado?

Diante de um possível Traumatismo Cranioencefálico é de extrema importância receber atendimento médico o mais rápido o possível. Apesar de não ser possível reverter os danos cerebrais, a rápida ação serve para estabilizar as condições da vítima e para prevenir ou amenizar as lesões secundárias.

Para isso, os profissionais médicos valem-se de: 

  • Perguntas aos envolvidos no acidente as circunstâncias da lesão;
  • Avaliam o nível de consciência da vítima;
  • Realização do exame neurológico
  • Exames complementares de imagem, como a Tomografia Computadorizada (TC) para saber o grau de comprometimento estrutural.
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Tratamento:

É importante salientar que não há tratamento curativo para as sequelas do Traumatismo Cranioencefálico, e sim tratamentos preventivos para lesões secundárias ao encéfalo, ou seja, tentamos “impedir” que haja novos prejuízos.

I -Tratamento Cirúrgico:

A maior parte dos pacientes com traumatismo craniano moderado ou grave dirigem-se diretamente da sala de emergência para a sala de cirurgia por exemplo para remover algum hematoma que esteja comprimindo o cérebro e aumentando a pressão dentro do crânio. Após a cirurgia o paciente fica em observação na UTI.

Outros pacientes não são direcionados diretamente para cirurgia com o neurocirurgião, pois suas condições não permitem, sendo direcionados para UTI para que estabilizem o seu quadro.

II- Tratamentos não cirúrgicos:

Atualmente, não há medicações que previnam ou cicatrizem os danos nas estruturas encefálicas após o TCE. O objetivo do tratamento não cirúrgico realizado na UTI é prevenir lesões secundárias à injúria primária através de ajustes clínicos, como manutenção da Pressão Intracraniana (PIC), da oxigenação, da pressão arterial e da glicemia normais.

Como se dá a reabilitação?

A maioria dos pacientes que sofreram traumatismo cranioencefálico beneficiam-se de um programa de reabilitação, especialmente, aqueles com lesões menos graves que começaram a apresentar melhora significativa.

Eles podem, por exemplo, precisar reaprender as habilidades básicas, como andar, falar, autocuidado com higiene, vestuário, alimentação, dentre outras.  Tal aprendizado, sem dúvidas, compõem grandes desafios tanto para o paciente quanto para a equipe multidisciplinar envolvida.

Já para pacientes com um nível de comprometimento maior de suas habilidades básicas de vida é extremamente importante o suporte dos familiares e amigos com inúmeros cuidados para que a situação dessa pessoa não seja agravada.

 

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Por exemplo, a constante mobilização para mudança de decúbito, a fim de evitar úlceras de pressão; aspiração das vias aéreas superiores e da cânula de traqueostomia e manejo da dor e fornecimento de uma alimentação adequada são alguns dos cuidados para com esses pacientes.

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